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Creio: Teologia Fundamental

A Teologia fundamental estuda as credenciais da fé, procurando analisar as razões para crer em Deus, crer em Jesus Cristo, crer na Igreja…

Creio em Deus

A existência de Deus não constitui apenas uma verdade de fé. É também a conclusão de um raciocínio filosófico, que já os gregos cultivavam. Esse raciocínio parte do princípio de causalidade, cujo enunciado é o seguinte: “todo ser contingente tem uma causa”.
a) Ser contingente: o que existe, mas que poderia não existir, que não é necessário ou não existe por si só, mas tem fora de si a razão suficiente da sua existência.
b) Ser absoluto: o que existe necessariamente, sem poder deixar de existir, e tem sua razão de existir em si mesmo, não depende de outrem.

Partindo desse princípio, há cinco vias que levam a concluir a existência de Deus. Nos deteremos na Quarta Via, como exemplo. Esta nos ensina que no mundo existem perfeições transcendentes (a verdade, a bondade, o amor, a justiça…) em diversos graus.

Elas são limitadas pelos sujeitos que as contêm e supõem a existência de um ser no qual tais perfeições existem sem limites, ou seja, deve existir um Ser que seja a Verdade mesma, a Bondade mesma, o Amor mesmo, a Justiça mesma… Este Ser é Deus! Com outras palavras: em torno de nós existem seres mais bons e menos bons, mais justos e menos justos, mais verazes e menos verazes… Ora, só posso falar de “mais” e de “menos” se existe o Absoluto, o Ilimitado. Este é o próprio Deus.

Deus e o mal

Uma das grandes perguntas do homem é: como é compatível a existência de Deus com tantas desgraças no mundo? A resposta nem é tão complicada. Podemos alcançá-la em cinco passos:

Primeiro Passo: o mal não é uma realidade positiva, mas uma carência, ou seja, a ausência de um bem devido. Exemplo: as trevas são a ausência de luz.

Segundo Passo: o mal puro não existe, mas sempre supõe o bem como suporte, é uma carência que sobrevém ao bem. Exemplo: o bombeiro e o ladrão devem ser corajosos, hábeis, sagazes, inteligentes… a diferença está em que o bombeiro aplica seus valores retamente (salvar vidas) e o ladrão carece de valores retos.

Terceiro Passo: há dois tipos de mal: o físico (doença, cegueira, miséria…) e o moral (pecado, vícios…)

Quarto Passo: o mal não tem causa direta. É causado indiretamente por um agente imperfeito, que seja capaz de falhar em sua atividade. Tal agente só pode ser criatura, nunca Deus, que é, por definição, perfeito.

Quinto Passo: Deus não quer impedir o mal decorrente das limitações das criaturas, pois precisaria intervir artificialmente e a todo momento para tal. Isso seria coibir o exercício das leis naturais e da liberdade humana. O homem seria apenas uma marionete nas mãos de Deus.

Como atesta Santo Agostinho: “Deus julgou melhor tirar do mal o bem do que não permitir a existência de mal nenhum.”

O ateísmo contemporâneo

É um fenômeno inédito na História da humanidade e possui diversas modalidades, que vão desde a teoria filosófica (materialismo radical) até a atitude prática de quem ignora Deus na sua vida.

Entre as causas desse ateísmo, assinalam-se a exaltação da razão e da ciência humanas, a psicologia materialista, a busca descontrolada pelo prazer, a deturpação da doutrina cristã (pelos próprios cristãos) e o contratestemunho dos cristãos.

Para responder a esse fenômeno do ateísmo, os cristãos devem ter em mente que o homem foi feito para o Bem Absoluto e Infinito, que é Deus; foi dotado de anseios para a Verdade e o Bem, onde só Deus é a resposta cabal;
a vida presente se torna incompreensível sem esperança numa existência póstuma; e deve-se propor como remédio ao ateísmo a correta exposição doutrinária e uma conduta de vida coerente com a doutrina exposta.

Creio em Jesus Cristo

Houve quem negasse a realidade histórica de Jesus, identificando-o apenas como uma figura mitológica. Hoje em dia, essa hipótese não encontra mais seguidores. Muitas fontes não-cristãs e cristãs atestam a historicidade
de Jesus Cristo.

Dentre as fontes não-cristãs, temos alguns documentos romanos que testemunham sobre Jesus Cristo, sendo o mais importante o de Tácito, que, ao descrever o incêndio de Roma em 64, menciona que os cristãos tinham esse nome derivado de Cristo, que havia sido condenado por Pôncio Pilatos.

Há também documentos judaicos, como o Talmud, que contém passagens referentes a Jesus, mesmo com a intenção de ridicularizar os fundamentos da fé cristã. O tratado de Sanhedrin 43a cita a crucificação de Jesus de Nazaré na véspera da Páscoa.

Já as fontes cristãs, temos escritos do Novo Testamento, dentre os quais se sobressaem os Evangelhos, que apresentam particularidades históricas, geográficas, políticas e religiosas da Palestina.

Há também o fato de que os Apóstolos e Evangelistas dificilmente poderiam mentir, pois viviam em ambiente hostil, pronto a denunciar qualquer desonestidade da parte dos cristãos.

O que Jesus disse a seu respeito?

a) se proclamou Messias: “Jesus, no entanto, permanecia calado. Disse-lhe o sumo sacerdote: ‘Por Deus vivo, conjuro-te que nos digas se és o Cristo, o Filho de Deus?’ Jesus respondeu: ‘Sim. Além disso, eu vos declaro que vereis doravante o Filho do Homem sentar-se à direita do Todo-poderoso, e voltar sobre as nuvens do céu.’” (Mt 26, 63)

b) revelou sua Divindade: “Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!’ Jesus então lhe disse: ‘Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.’” (Mt 16, 16-17)

Creio na Igreja

Jesus veio fundar uma Igreja e não apenas para divulgar a Boa Nova da Evangelho. Fundou sua Igreja sobre os Apóstolos e a assiste para que Ela continue autenticamente a Sua obra aqui na terra. Desde que reuniu os Doze Apóstolos, a Igreja já estava nas intenções de Jesus.

A Igreja não é composta apenas de santos, mas de pessoas assinaladas por notas visíveis, que a tornam estruturada e institucional. As parábolas do joio e do trigo (Mt 13, 24-30.36-43) e a da rede que capta peixes bons e
maus (Mt 13, 47-50) nos mostram essa realidade.

E ao se despedir dos Apóstolos, Jesus dá a seguinte ordem:

Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: ‘Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e fazei que todas as nações se tornem discípulos; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.’

Mt 28, 18-20

O ministério de Pedro e, com ele, o de toda a Igreja gozam de especial assistência não só de Cristo, mas também do Espírito Santo, que Jesus prometeu aos discípulos como Guia e Mestre (cf. Jo 14, 16; 16, 13s).

Assim, a Igreja se mantém indefectível, como Mãe e Mestra, através dos tempos, apesar das provações e tribulações. Portanto, não é legítimo separar Jesus Cristo e a Igreja.

A Igreja e as igrejas

E como pode-se reconhecer a autêntica Igreja de Cristo em meio a tantas denominações cristãs? A resposta é bem simples: Jesus prometeu estar ininterruptamente até o fim dos tempos com os Apóstolos e seus sucessores (cf. Mt 28, 18-20).

Portanto, apenas a Igreja que tem a sucessão apostólica contínua e ininterrupta, e que tem Jesus como legítimo fundador, é a verdadeira Igreja de Cristo. A Igreja Católica Apostólica Romana é a única que preenche
cabalmente todas as notas da Igreja de Cristo.

A infalibilidade da Igreja

O próprio Cristo Jesus outorgou uma certa infalibilidade à sua Igreja para que a mensagem do Evangelho e Sua ação redentora não ficassem sujeitas às vicissitudes do homem. Mas, o que seria essa infalibilidade?

a) não é impecabilidade. Os membros da Igreja pecam, à revelia desta, que é a Esposa sem mancha nem
ruga, santa e irrepreensível.

b) é assistência que Jesus, mediante o Espírito Santo, garante à sua Igreja, a fim de que, ao ensinar ex cathedra (em caráter definitório) proposições de fé e de Moral, não cometa erro doutrinário.

Essa infalibilidade não se estende a assuntos de ordem profana ou científica (o caso de Galileu) e não se exerce em todos os pronunciamentos da Igreja, mas apenas nas definições de fé e de Moral (dogmas).

A Igreja e a Bíblia

Jesus confiou à Igreja por Ele fundada a sua mensagem, que foi pregada primeiro de viva voz e, só aos poucos, foi sendo ocasionalmente consignada por escrito. A Palavra de Deus escrita (Bíblia) é inseparável da Palavra
oral, que continua a ressoar viva dentro da Igreja.

A Bíblia nasceu dentro da Igreja não para substituir a Tradição oral herdada dos Apóstolos, mas para cristalizar pontos importantes dessa Tradição. São João nos ensina:

Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Jo 20, 30-31

Portanto, a interpretação da Bíblia deverá sempre levar em conta o ensinamento vivo da Igreja, sem o qual, as páginas bíblicas podem ser distorcidas para fundamentar as proposições mais contraditórias. É certo que a Igreja não está acima da Escritura nem é uma fonte própria de Revelação, mas tem a função de entregar aos fiéis e interpretar, com a assistência do Espírito Santo, o Livro Sagrado. Santo Agostinho resume tudo isso assim: “Eu não acreditaria nos Evangelhos se não me movesse a isso a autoridade da Igreja Católica.”

Escrito por Equipe Tenda do Senhor

Grupo de Oração Tenda do Senhor

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