Motivo e Finalidade da Criação
Por que Deus terá criado o mundo? A resposta é simples: Deus, por definição, não pode ser motivado por alguma criatura, mas Deus criou por causa do próprio Deus. Como nos diz a filosofia grega, “o Bem é difusivo de Si”. Ora, como Deus é o Sumo Bem, Ele é sumamente difusivo de Si. E Deus, comunicando às criaturas as suas perfeições, revela a sua grandeza e santidade.
Disto se segue que a finalidade de cada criatura é ser uma manifestação da perfeição ou do amor de Deus; cada criatura se realiza na medida em que ela desenvolve em si as potencialidades positivas que Deus nela depositou embrionariamente. Há uma escala entre as criaturas: os minerais foram feitos para os vegetais; estes foram feitos para os animais irracionais; estes, ainda, para o homem, que é o microcosmo ao qual foi confiado o macrocosmo para que termine a obra do Criador, utilizando inteligentemente cada criatura para a glória de Deus, no exercício de um sacerdócio universal.
Conservação e Providência
Uma das consequências imediatas da criação do mundo e do homem é a permanente conservação de ambos por parte de Deus, ou seja, depois de haver dado existência a cada criatura, Deus exerce sobre ela um influxo direto positivo, que sustenta essa criatura e sem o qual ela recairia no nada. Outra consequência da criação é a Providência Divina, que é a ação pela qual Deus se dispõe a levar todas as criaturas para o seu fim devido; Deus não abandona a criatura depois de ter lhe dado a existência, mas provê aos meios para que possa atingir a sua meta, que é a manifestação da bondade, da sabedoria e da santidade de Deus.
Em sequência à conservação e à Providência Divina, temos a oração. A vontade de Deus é imutável e nenhuma oração é capaz de mudar isso. Para que, então, serve a oração? A oração não faz com que Deus se rebaixe ao nível das finitas cogitações humanas, mas faz com que Deus leve o homem ao plano da sua sábia Providência.
Desta forma, nenhuma oração é inútil se realizada em união com Cristo, que dizia:
Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres.
Marcos 14, 36
O concurso divino segue logo após a oração e se anuncia assim: Deus não somente conserva as criaturas na sua existência, mas também lhes dá o auxílio (concurso) necessário para que possam agir. Nenhum agir, como realidade nova, contingente, transitória pode perdurar sem o sustento de Deus.
Os Modos da Presença Divina
O fato de que Deus sustenta cada criatura na sua existência e na sua atividade, permite-nos falar da presença de Deus, que se dá de dois modos:
1) a presença na imensidade: Deus sustenta toda criatura e está sempre presente naquilo que ela tem de mais íntimo; Deus toca nas raízes do ser de cada criatura. Ele penetra e contempla cada criatura em sua profundidade sem se identificar com qualquer uma delas;
2) a presença da graça: existe uma ordem sobrenatural, além da natural (que é a constituição da estrutura nativa de cada criatura). Esta se deve ao fato de que Deus chama o homem a participar do consórcio da sua vida divina. A isso chamamos de graça santificante, que é um dom de Deus que embeleza e transforma a criatura intelectiva, levando-a ao conhecimento e ao amor do próprio Deus.
Os Anjos
Deus criou o mundo visível e invisível. Este compreende as criaturas espirituais: os anjos e as almas humanas. Os anjos, enquanto criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e vontade; são criaturas pessoais e imortais. Excedem em perfeição todas as criaturas visíveis. No Antigo Testamento, os anjos eram identificados como mensageiros do Senhor, muitas vezes confundidos com o próprio Deus. Com o passar dos tempos, esses enviados do Senhor foram sendo nitidamente distinguidos de Deus. Eles eram enviados para uma missão de preparação e serviço, com todo poder e força concedidos por Deus.
Mais tarde ainda, no livro de Jó, aparece a figura do anjo mau, adversário dos homens. Aqui não falamos de demônio, pois ainda se trata de um cortesão a serviço de Deus. Os livros sagrados de origem grega, como o livro da Sabedoria, introduzem mais nitidamente a figura do Maligno, aludindo a serpente do paraíso como Satanás. No Novo Testamento, a presença dos anjos é mais latente, e fazem as vezes dos cortesãos celestes e arautos do Reino de Deus trazido à terra por Jesus.
Os anjos aparecem, ora anunciando uma obra de Deus, ora operando junto aos homens, ora citados pelo próprio Cristo, que nomeia, inclusive, Satanás e seus comensais. E sempre fica clara a mensagem de que o demônio só age com autorização de Deus. Resumindo: a presença e a atividade dos anjos bons e maus estão a tal ponto inseridas na História da Salvação que não se poderiam eliminar tais elementos sem desmantelar a mensagem bíblica.
Os Demônios
Os anjos maus são criaturas que Deus fez boas (Deus não pode fazer nada intrinsecamente mau), mas que abusaram do seu livre arbítrio e se afastaram de Deus pelo pecado da soberba, ao serem submetidos a uma prova: Deus revelou aos anjos a encarnação do Filho e os anjos teriam que adorar Deus feito homem.
Uma parte se rebelou e perdeu a presença de Deus, sendo precipitados na escuridão eterna. Estes têm autorização de Deus para agir contra o homem para que ele se purifique e fortaleça suas virtudes, mas “são com cães acorrentados que podem ladrar espantosamente, mas não podem morder senão a quem se aproximar deles” (Santo Agostinho).
E São Paulo ainda nos diz:
Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela.
1Coríntios 10, 13
Cabe ressaltar que nem toda tentação vem dos anjos maus, algumas vêm da concupiscência do homem.
Os coros dos Anjos
Há nove Coros Angélicos, que se dividem em três hierarquias.
1ª Hierarquia: Serafins (são a imagem mais perfeita do amor de Deus), Querubins (refletem a Sabedoria Divina) e Tronos (compreendem os juízos de Deus e se caracterizam pela submissão e paz). A atividade dessa hierarquia é a contemplação de Deus pelo amor, pelo conhecimento e pela aceitação da sua vontade.
2ª Hierarquia: Dominações (ocupam-se com o governo dos próprios anjos), Virtudes (executam as ordens das dominações no que diz respeito aos elementos da natureza material) e Potestades (dedicam-se à luta contra os maus espíritos).
3ª Hierarquia: Principados (dirigem as sortes das nações), Arcanjos (comunicam as notícias importantes aos homens e protegem de forma especial as pessoas que desempenham funções relevantes para a glória de Deus) e Anjos (destinados à guarda dos homens).
Os anjos são ministros de Deus encarregados da salvação dos homens, como nos diz a Sagrada Escritura:
Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?
Hebreus 1, 14
Exercitando
A Equipe de Formação preparou ainda um flash quiz, um quiz de cinco perguntas, com o objetivo de exercitar o conteúdo que foi ensinado aqui. E aí, você topa? Acesse o Flash Quiz: Criação do Mundo e os Anjos.