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Ditos do Abade Daniel #2

monge em ruinas

Você sabe o que são apoftegmas? Se não souber, sugiro que leia o texto em que explicamos o que são. Nesse texto, usamos as palavras tiradas de um livro, de Santo Estêvão Bettencourt, OSB.

Tendo já visitado os abades Antão, João Curto e Macário… nessa semana visitaremos mais uma vez um grande asceta, eremita e pai: Daniel!

Apoftegmas do Abade Daniel

Contou o Abade Daniel: “Quando o Abade Arsênio estava na Cétia, havia lá certo monge que roubava os artefatos dos anciãos. Chamou-o, então, o Abade Arsênio à sua cela, intencionando lucrar o monge e dar paz aos anciãos; disse-lhe, pois: ‘Qualquer coisa que quiseres, eu ta darei; apenas não furtes’. E deu-lhe ouro, dinheiro, vestes e tudo de que precisava. Aquele, porém, foi-se, e roubou de novo.

Em consequência, os anciãos, vendo que não se emendara, expulsaram-no, dizendo: ‘Se se encontra algum irmão que sofra da fraqueza de um vício, é preciso corrigí-lo; mas, se rouba, expulsai-o, pois é nocivo à sua alma e perturba todos os que moram na mesma região’”.

(BETTENCOURT, Estêvão. Apoftegmas – A Sabedoria dos Padres do Deserto. Lumen Christi, Rio de Janeiro, 1979)

O padre do deserto e a Eucaristia

Narrou o Abade Daniel, o Faranita: “Nosso Pai, o Abade Arsênio, referiu, a respeito de certo monge da Cétia, que fazia muitas coisas notáveis, mas que era ingênuo em matéria de fé. Ora em virtude de sua simplicidade, caia em erro e dizia: ‘O pão que recebemos, não é realmente o corpo de Cristo, mas símbolo deste’.


Certa vez dois anciãos ouviram-no que assim falava, e, conhecendo que muitos méritos tinha por seu gênero de vida, julgaram que o dizia em inocência e simplicidade; foram, pois, ter com ele e disseram-lhe: ‘Abade, ouvimos uma referência contrária à fé a respeito de alguém a saber: afirma que o pão que recebemos, não é realmente o corpo de Cristo, mas o símbolo deste’. Respondeu o ancião: ‘Fui eu que disse isso’.


Aqueles, então, exortaram-no: ‘Não conserves este modo de ver, ó Abade, mas aceita o que ensina a Igreja Católica. Nós cremos que o pão mesmo é o corpo de Cristo e que o cálice mesmo é o sangue de Cristo, em verdade, e não em figura. Mas, assim como no princípio Deus tomou lodo da terra e com ele plasmou o homem conforme a Sua imagem, de modo que ninguém pode dizer que não é imagem de Deus, embora imagem que não se deixa compreender, assim também o pão do qual o Senhor disse: ‘É meu corpo’, cremos que em verdade é o corpo de Cristo’.


O ancião retrucou: ‘Se eu não for persuadido pelo fato mesmo, não ficarei satisfeito’. Aqueles, então, disseram-lhe: ‘Rezemos esta semana a Deus a respeito de tal mistério; cremos que Deus no-lo revelará’. O ancião recebeu com alegria esta palavra, e orou a Deus, dizendo: ‘Senhor, tu sabes que não é por maldade que sou incrédulo; mas, para que não erre por ignorância, revela a mim, Senhor Jesus Cristo’.


De outra parte, os anciãos, voltando às suas celas, oravam a Deus, também eles, dizendo: ‘Senhor Jesus Cristo, revela a esse ancião tal mistério, para que creia e não perca o mérito de sua fadiga ascética’. Ora Deus ouviu a ambos. Terminada a semana, no domingo foram à igreja, e acharam-se juntos os três sós em um banco, estando no meio o ancião incrédulo.


Abriram-se-lhes, então, os olhos: quando foi colocado sobre a mesa sagrada o pão, apareceu aos três como que um menino; e, quando o presbítero estendeu a mão para partir o pão, eis que um anjo do Senhor desceu do céu; trazia uma espada, com a qual matou o menino, derramando o seu sangue no cálice. Depois, quando o presbítero partiu o pão em pequenos fragmentos, também o anjo cortava pedacinhos do menino. Por fim, quando se aproximaram para receber as dádivas santas, ao ancião, e ao ancião só, foi dada carne que sangrava; vendo-a, foi tomado de temor, e exclamou: ‘Creio, Senhor, que este pão é teu corpo e o cálice é teu sangue’.


Logo a carne que se achava em suas mãos, se tornou pão, conforme o mistério; e ingeriu-o, dando graças a Deus. Disseram-lhe então os anciãos: ‘Deus conhece a natureza humana; sabe que ela não pode comer carne crua, e, por isto, transformou o seu corpo em pão, o seu sangue em vinho, para os que o recebem na fé’. E deram graças a Deus a propósito do ancião, pois que Deus não permitira fossem frustradas as fadigas deste. Finalmente voltaram os três com alegria para as respectivas celas.

(BETTENCOURT, Estêvão. Apoftegmas – A Sabedoria dos Padres do Deserto. Lumen Christi, Rio de Janeiro, 1979)

A intimidade com Deus

O mesmo Abade Daniel falou a respeito de um outro ancião, muito benemérito por sua vida, e residente no Egito inferior, que, em sua simplicidade, dizia ser Melquisedeque filho de Deus. Isto foi comunicado ao bem-aventurado Cirilo, arcebispo de Alexandria, o qual mandou alguém ter com o ancião.


Ora o arcebispo sabia que o ancião fazia milagres e que, se pedisse alguma coisa a Deus, Deus lha revelava; sabia também que por mera ingenuidade assim falava o ancião; por isto usou da seguinte arte: mandou dizer: “Abade, recorro a ti, pois que um pensamento meu às vezes me sugere que Melquisedeque é Filho de Deus, ao passo que outro pensamento afirma que não, que é homem, Sumo Sacerdote de Deus; já, pois, que estou nessa incerteza, mando-te um emissário, a fim de que peças a Deus que te revele a verdade a esse respeito”.


O ancião, confiando em seus merecimentos, respondeu com segurança: “Concede-me três dias, e interrogarei a Deus a tal respeito, e te comunicarei quem era Melquisedeque”. Foi-se, pois, e rogou a Deus sobre o assunto. Depois de três dias, de fato, procurou o bem-aventurado Cirilo e disse-lhe que Melquisedeque era homem.


Perguntou, então, o arcebispo: “Como o sabes, ó Abade?” Este respondeu: “Deus mostrou-me todos os Patriarcas, fazendo passar um por um diante de mim, a partir de Adão até Melquisedeque; fica, pois, seguro de que assim é”. Retirou-se, e de então por diante espontaneamente apregoava que Melquisedeque era homem. Com isto alegrou-se grandemente o bem-aventurado Cirilo.

(BETTENCOURT, Estêvão. Apoftegmas – A Sabedoria dos Padres do Deserto. Lumen Christi, Rio de Janeiro, 1979)

Dizia também o Abade Daniel que, quanto o corpo prospera, tanto a alma definha; e, quanto o corpo definha, tanto a alma prospera.

(BETTENCOURT, Estêvão. Apoftegmas – A Sabedoria dos Padres do Deserto. Lumen Christi, Rio de Janeiro, 197

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Escrito por Equipe Tenda do Senhor

Grupo de Oração Tenda do Senhor

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