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Amei!Amei!

Inspirações Bíblicas Missionárias #03

O Mandamento Missionário no Evangelho de São Mateus

Recentemente, no artigo anterior, tivemos a oportunidade de encontrar outro mandamento do Senhor Jesus, Vivo e Ressuscitado! Sim, eu recordo sempre por onde passo, com quem encontro, que Nosso Senhor deixou-nos alguns mandamentos junto com aquele tão especial, que é o Mandamento do Amor (Mt 22, 34-40). Um destes mandamentos é o Mandamento Missionário… é o “Ide por todo o mundo”… é a Grande Comissão!

Cada um dos evangelistas pode recordar, a seu modo, o relato deste envio que Nosso Senhor faz à sua Igreja. Cada evangelista, com uma tonalidade própria, que se acrescenta na concepção mais profunda desta responsabilidade particular, pois cada batizado é um missionário e por toda a comunidade, pois a missão é uma responsabilidade eclesial.

O Sermão da Missão no Evangelho de São Mateus

Quando ouvimos sobre missão – e já temos falado bastante nesta coluna -, logo recordamos daquele versículo que reconhecemos como o Mandato Missionário. Mas São Mateus e sua comunidade relatam que, antes mesmo de sua Paixão, Morte e Ressurreição, Nosso Senhor chamou os seus discípulos para aprenderem o novo que Ele propunha e os enviou, a viverem, pregarem e ensinarem esta Boa Nova.

O capitulo 10 do Evangelho de São Mateus vale a pena uma boa leitura, pois é conhecido como o Sermão da Missão. Alí, em partes, vemos relatada a Escolha dos Doze Apóstolos (Mt 10, 1-4) e, depois, o Envio dos mesmos (Mt 10, 5-15); lemos sobre a denúncia de perseguição contra eles (Mt 10, 16-33) e uma exortação à Radicalidade no Seguimento (Mt 10, 34-39); finaliza com a informação de que, quem os recebesse, não ficaria sem qualquer recompensa (Mt 10, 40-42).      

O Mandato Missionário no Evangelho de São Mateus

Mais ao final de seu relato evangélico, após a Ressurreição de Nosso Senhor, São Mateus descreve o momento do Mandato Missionário:

Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: ‘Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo’.

Mateus 28,17-20

Galileia, um lugar especial

A Galileia é um lugar especial para os discípulos e para a comunidade de São Mateus. Pode passar despercebido, mas São Mateus descreve que os discípulos se reuniram num lugar especial, após a Ressurreição. De fato, a Galileia era um lugar de grandes recordações: ali eles tinham sido encontrados pelo Senhor Jesus, ali tinham deixado tudo por Ele, ali tinham experimentado um sentido para a vida, enorme, impactante, que os fizeram dedicarem-se devotamente a Ele.

Estar na Galiléia novamente era reencontrar aquela força de amor que os impulsionara a viver a torno de Jesus, que agora parecia ainda mais próximo, não só pelos anos que viveram juntos, mas pela experiência de fé que estavam vivendo com o Ressuscitado: ali era um lugar de novos começos!   

Os sentimentos de contradição segundo as palavras de São Mateus  

Quando os discípulos viram Jesus Ressuscitado – que os atraíra àquele lugar de memória afetiva singular – alguns se prostraram e adoraram-No. Outros hesitaram ainda. Alí vemos representada toda a Igreja, sempre feita de quem logo experimenta sentido de vida em Cristo e já professa a fé e também aqueles que não o fizeram ainda. É a constante dinâmica do crer-não crer que perpassa a vida da Igreja e perpassa também a vida de cada fiel.

No entanto, vale a pena sublinhar, que a atitude de quem crê é a adoração de Jesus, prostrando-se. A experiência de oração, o exercício de fé, a vida espiritual é essencial para um missionário! Mas veja que interessante: mesmo os outros não acreditando ainda, Jesus não hesita em realizar o que Ele desejava: enviar a Igreja em Missão! Ou seja, mesmo todos não tendo feito uma profunda experiência de fé, Ele, humilde, se confia e confia a Sua missão a quem ainda não está totalmente convencido! E porque o faz? Olha, poderíamos ousadamente pensar desta forma: mesmo com meios e instrumentos humanos incapazes e insuficientes, Ele, sendo Deus, sustentaria sempre a missão. Afinal, a missão era e é sempre d’Ele!

São Mateus descreve o momento em que Jesus confia à Igreja a Sua Missão

Logo após a descrição destes sentimentos contraditórios, São Mateus descreve que Jesus confirma a Sua autoridade, no céu e na terra. E, ancorado nela, autoriza aos seus discípulos a agirem em nome d’Ele e por Ele, em uma missão universal, enviada a todos os povos. Não devem ensinar para serem “mestres” de muitos discípulos, e sim para fazerem discípulos de Jesus!  

Os discípulos devem ir, agora, pregando a ressurreição de Jesus e os seus ensinamentos, para que o Reino de Deus que Ele inaugurou alcance todos os povos. São enviados a pregar e batizar em nome da Trindade, comunidade perfeita, como rito de inserção nesta dinâmica de ser já membro de uma comunidade fraterna em torno d’Ele. 

Os discípulos devem ir, agora, ensinando, ecoando, vivendo os ensinamentos que Nosso Senhor os transmitira. Em palavras e em obras, os discípulos vão tornando conhecida a doutrina ensinada por Jesus. Não são apenas as pregações, mas será principalmente a vida dos discípulos que se tornará uma forma impactante de missionar: “Assim, brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). 

Um pequeno detalhe neste relato missionário de São Mateus

O relato missionário de São Mateus, o Ide que temos repetidamente falado em nossos escritos, vem unido a uma divina promessa: Eu estarei convosco até o fim dos tempos! Esta é uma presença constante, permanente e encorajante. Com esta Divina Presença, a Igreja é convidada a ‘botar o pé na estrada’, saindo constantemente de si mesma, de suas referências e de seus problemas e suas preocupações domésticas e abrindo-se constantemente a um novo horizonte: o de toda pessoa que não conhece a alegria de se sentir filho e filha de Deus e irmãos e irmãs entre si!

Escrito por Pe. Daniel Rocchetti, SAC

Sacerdote palotino (Sociedade do Apostolado Católico) assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB.

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