O Salmo 8 nos diz que a oração que mais agrada a Deus e toca mais profundamente o Seu coração é aquela que sai de lábios puros como os das criancinhas. Essa história nos fala um pouco sobre isso…
“Uma pobre mulher morava em uma humilde casinha com sua neta que estava muito doente. Como não tinha dinheiro sequer para levá-la a um médico e, vendo que, apesar de seus muitos cuidados e remédios, a pobre criança piorava a cada dia, resolveu iniciar a caminhada de duas horas até a cidade próxima em busca de ajuda. Chegando ao único hospital público da região, foi aconselhada a voltar pra casa e trazer a neta junto para que fosse examinada. Quando ia voltando, já desesperada por saber que sua neta não conseguiria mais sequer levantar da cama sozinha, a senhora passou em frente a uma igreja e, como tinha muita fé em Deus, apesar de nunca ter entrado em uma igreja, resolveu pedir ajuda. Ao entrar, encontrou algumas senhoras ajoelhadas fazendo orações. A mulher se aproximou das senhoras, contou-lhes sua história e pediu-lhes que incluíssem em suas orações a netinha querida. Todas convidaram a sofrida senhora para juntar-se a elas e orar pela pequena. Após quase uma hora de fervorosas orações e pedidos de intercessão ao Pai, as senhoras já iam se levantando quando a mulher disse:
– “Eu também gostaria de fazer uma oração especial. E gostaria que vocês me acompanhassem.”
E começou:
– “Deus, sou eu, a Maria. Olha, a minha neta está muito doente, Deus; assim, eu gostaria que o Senhor fosse lá curá-la. Deus, anota aí que eu vou dizer onde fica.”
As senhoras estranharam, mas continuaram ouvindo.
– “Já está com a caneta, Deus? É muito fácil: o Senhor vai seguindo o caminho das pedras e, quando passar o rio com a ponte, o Senhor entra na segunda estradinha de barro. Não vai errar, tá?”
As senhoras, que tudo acompanhavam, estranharam a oração e algumas até se esforçaram para não rir. Ela continuou:
– “Seguindo mais uns 20 minutinhos, tem uma vendinha… O Senhor entra na rua depois do pé de mangueira, que o meu barraquinho é o último da rua. Pode ir entrando que não tem cachorro. Olha, Deus, a porta tá trancada, mas a chave fica embaixo do tapetinho vermelho na entrada. O Senhor pega a chave, entra e cura a minha netinha, por favor. Mas olha só, Deus, por favor, não esquece de colocar a chave de novo embaixo do tapetinho vermelho senão eu não consigo entrar quando chegar em casa… Muito obrigada, obrigada mesmo, meu Deus. Conto com o Senhor!”
A esta altura, algumas senhoras já não continham os sorrisos, outras estavam surpresas e algumas aconselharam a velha senhora: – “Olha, Dona Maria, as orações não funcionam assim… Existe uma maneira correta de orar e pedir as graças desejadas… Se preferir, continuamos orando mais alguns minutos por sua neta e a senhora pode voltar para sua casa, está bem?”
A mulher acenou com a cabeça, agradeceu e sentiu-se desconsolada, pois nem orar por sua neta conseguiu “fazer direito”. Chegando a casa, ao entrar, assustou-se ao ver a neta correndo ao seu encontro! Cheia de alegria e felicidade, deu um grande e caloroso abraço na menina, dizendo:
– “Minha neta, você esta de pé! Como é possível?”
E a menina, olhando carinhosamente para a avó, disse:
– “Eu ouvi um barulho na porta e pensei que era a senhora voltando; porém, entrou um homem no meu quarto, muito alto, vestido de branco e mandou que eu levantasse. Não sei como, mas eu simplesmente levantei.”
E com os olhos cheios de lágrimas, a menina continuou:
– “Depois ele sorriu, beijou minha testa e disse que tinha de ir embora, mas pediu que eu avisasse a senhora que ele ia deixar a chave embaixo do tapetinho vermelho…”
Muitas vezes, somos como essas senhoras: nos sentimos os donos da verdade e aqueles que sabem todas as coisas, inclusive como chegar mais rápido no coração de Deus. Quando na verdade, devemos ser como a pobre Maria que, com seu jeito humilde e até mesmo engraçado, chega direto no coração de Deus e recebe todas as bênçãos que Ele tem para nós. Orar não é repetir palavras bonitas ou cultas, mas é derramar nosso coração na presença santa do Deus Santo, em adoração, em verdade, e confiar que Ele tem o melhor para nós.
“Invoca-me e te responderei!” (Jeremias 33, 3)