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Santa Gianna Beretta Molla

Santa Gianna Beretta Molla

Imagem de Google Imagens, editada por Tenda do Senhor

Nasce Giovanna

A história de Santa Gianna Beretta Molla acontece decerto num tempo bem sombrio da humanidade.

Era uma época bem turbulenta na Itália, que vivia às vésperas da Marcha sobre Roma, onde o então movimento fascista pressionava o rei italiano Vitor Emanuel III a aceitar Benito Mussolini como seu primeiro-ministro.

Esse era o resultado de todo um processo histórico de surgimento e crescimento do fascismo na Itália, logo após a Primeira Guerra Mundial.

De fato, é neste momento que Gianna (Geana ou Joana) Beretta nasceu. Era o dia 04 de outubro de 1922, na comuna de Magenta, a 30 km de distância a leste da cidade de Milão, na província de mesmo nome, em Lombardia, região ao norte da Itália.

Os fascistas tomavam várias cidades do norte, incluindo Milão.

Gianna foi a penúltima filha nascida da família Beretta. Seus pais eram cristãos e ela e seus irmãos seguiram o mesmo caminho de fé. Foi batizada no dia 11 de outubro, com apenas 7 dias, com o nome de Giovanna Francesca. Dizem que o nome Francesca foi em homenagem a São Francisco, pois seus pais eram da Terceira Ordem Franciscana.

A família Beretta

A família de Santa Gianna Beretta Molla era numerosa e seus pais tiveram 13 filhos, dos quais somente oito sobreviveram após o evento da Gripe Espanhola, pandemia que marcou o período de janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectando estimadas 500 milhões de pessoas, ou seja, cerca de um quarto da população mundial naquela época. 

Aos 3 anos de idade, em 1925, a família decidiu se mudar para Bérgamo, uma cidade que fica a nordeste de Milão, 50 Km distante. Três anos depois, no dia 04 de abril de 1928, ela faz a sua Primeira Comunhão, na paróquia de Santa Grata. Também começa a frequentar a escola elementar. Sua Crisma ocorreu dois anos depois, no dia 09 de junho de 1930, Catedral de Sant’ Alessandro, ou Duomo de Bérgamo.

Todavia, em 1937, a família de Santa Gianna Beretta Molla se muda novamente para Gênova, no bairro de Quinto del Mare, na Riviera Italiana. Gênova é uma cidade litorânea ao mar de Ligúria, uma pequena porção do Mar Mediterrâneo, ao sul de Milão. Contudo, apesar das mudanças, a família nunca deixa de lado seus hábitos cristãos.

O Retiro

Eles frequentavam diariamente da Santa Missa, porquanto, além de participarem ativamente na vida paroquial e sempre com uma vida familiar intensa. Nesta época, aos 15 anos, ela realiza o seu primeiro retiro espiritual, com o pregador jesuíta Pe. Michele Avedano. Foi um retiro que mexeu principalmente nos sentimentos de Santa Gianna Beretta Molla.

Ela tem vários registros em seu primeiro caderno, fazendo várias referências ao retiro. Além disso, vários pensamentos começaram a ser escritos nesta época. Ali brotava suas orientações para toda a vida, em cima das coisas que mais a impressionou.

Além disso, ela passa a compreender que o apostolado que busca fazer o bem para o próximo é uma das expressões máximas de caridade. Enfim, era uma nova Gianna, que reconhecia a responsabilidade cristã e que deixava de ser criança.

Ó Maria, eu me entrego em tuas mãos maternas e nelas me abandono completamente, com a certeza de obter o que te peço. Tenho confiança em ti, porque tu és a minha doce Mãe e minha confiança é total, porque tu és a Mãe de Jesus. Com esta confiança eu me coloco em tuas mãos, segura de ser ouvida; e com esta confiança no coração te saúdo, minha Mãe e minha confiança, eu me consagro inteiramente a ti, rogando-te de te lembrares que eu sou tua, que te pertenço; guardai-me e defendei-me, ó doce Maria, e em todo instante de minha vida apresentai-me ao teu filho, Jesus.

Consagração a Nossa Senhora feita por Gianna aos seus 15 anos

O Serviço a Deus

Parece que o despertar também influenciou nos seus estudos escolares, pois obteve ótimos rendimentos nesta época. Não demorou e ela se inscreveu na Ação Católica de Caridade, participando com alegria nas reuniões.

Esta Associação foi muito importante na Itália e bastante difundida nas paróquias, pois visava preservar a juventude católica das terríveis influências do fascismo. O seu lema era “Ação, Oração e Sacrifício”.

Por causa de um período com a sua saúde fragilizada, teve que parar os estudos, ficando em casa e ajudando a sua mãe.

Os horrores da Segunda Guerra Mundial começam em 1939 e, devido a Gênova ser um ponto estratégico como porto, a cidade passa a ser atacada intensamente, o que faz com que a família se mude novamente, voltando para Bérgamo. Apesar disso, Santa Gianna Beretta Molla continuou por um tempo ainda em Gênova, para terminar os estudos que fazia com as irmãs Dorotéias.

A morte de seus pais

Quando Santa Gianna Beretta Molla tinha 19 anos, em meio às turbulências da guerra, no dia 29 de abril de 1942, sua mãe veio a falecer, com apenas 55 anos. A família ficou muito abalada e Santa Gianna Beretta Molla, que era uma das mais novas, sentiu muito a sua morte.

Mas seu pai, que ficava frequentemente adoentado e debilitado, teve uma piora grande após a morte da esposa. Passados quatro meses, ele também veio a falecer, no dia 10 de setembro de 1942, aos 60 anos.

Todos os filhos tiveram uma boa formação, tanto religiosa, quanto educacional. Percebemos isso ao ver um dos quatro irmãos, que se formaram engenheiros, se tornar padre (Padre José). Dois irmãos médicos se tornaram missionários (Padre Alberto e Madre Virgínia). 

Seus estudos e formação

Seus irmãos, quase todos, já estavam formados. E, em junho de 1942, em meio a guerra, Santa Gianna Beretta Molla conclui os estudos secundários. Ela entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Milão, uma das melhores da Itália.

Mas, por causa da guerra que se agravava, houve a ocupação da Itália pelo exército nazista alemão. Um dos seus irmãos, Francesco, foi preso pelos nazistas, mas foi solto pouco tempo depois. Os irmãos que eram médicos se recusaram a servir ao exército nazista e buscaram refúgio na Suíça.

Durante esta época e nos estudos universitários, Santa Gianna Beretta Molla continuou sua formação cristã na Ação Católica. Ela tinha muita afinidade com uma freira, irmã Mariana, que era orientadora do seu grupo.

Numa carta a esta irmã, ela dizia:

O passado nós entregamos à misericórdia de Deus, o futuro, à Providência Divina. O nosso dever é viver o momento presente santamente… estou firmemente decidida a viver em cada instante a vontade de Deus e vivê-la com alegria. A senhora gosta desta minha decisão?

Nesse período, um grande conforto e alegria foi a ordenação sacerdotal de Giuseppe, seu irmão. E, mesmo em meio à pobreza gerada pelo pós-guerra e dificuldades de transporte, ela conseguiu um caminhão para levá-la com suas colegas e amigas da Ação Católica, até onde seu irmão seria ordenado, em Bérgamo.

Dois anos depois, nova alegria: um dos irmãos médicos, Enrico, também é ordenado padre (padre Alberto), e decide ser missionário no Brasil, onde passou quase toda sua vida.

Vida Profissional

Depois que a guerra terminou, Santa Gianna Beretta Molla continuou seus estudos e se formou como médica cirurgiã, em 1949, aos 27 anos, pela Universidade de Pavia (Itália). 

No ano seguinte, abre seu consultório médico em Mêsero (também nos arredores de Milão, um pouco a norte de Magenta – 5 Km), local onde hoje se encontra o Santuário dedicado a ela. Fez especialização na pediatria, se formando em 1952, passando a ter um cuidado especial com as mães e as crianças. 

Além disso, Santa Gianna Beretta Molla exercia também a clínica geral, atendendo idosos abandonados e sem recursos monetários. Tratava o trabalho como uma verdadeira missão, dedicando-se intensivamente na ajuda às adolescentes. Nessa mesma época, ela havia sido eleita presidente da Ação Católica de sua região.

Sua espiritualidade era marcante e enxergava tudo como sagrado. Ela sempre dizia:

Quem toca o corpo de um paciente, toca o corpo de Cristo.

Frase análoga a de São Camilo de Lellis, que dizia:

Os doentes são a pupila e o rosto de Deus.

Sua vocação: O matrimônio

Por meio da oração pessoal, Santa Gianna Beretta Molla questiona-se sobre a sua vocação, considerando-a como dom de Deus. Ela opta pela vocação matrimonial, que abraça com entusiasmo, assumindo total doação “para formar uma família realmente cristã”, em suas palavras.

Aos 32 anos, ela começa a conhecer seu futuro esposo, Pietro Molla. Noivou-se oficialmente no dia 11 de abril de 1955, na capela da Madre Canossiane e preparou-se para o matrimônio com contínua alegria. Ao Senhor tudo agradece e ora.

Na basílica de São Martinho, em Magenta, os noivos casam-se em 24 de setembro de 1955. Santa Gianna Beretta Molla transforma-se em uma mulher plena e totalmente feliz.

Em novembro de 1956, já é a radiosa mãe de Pedro Luís; em dezembro de 1957, de Mariolina e, em julho de 1959, de Laura. Com simplicidade e equilíbrio, Santa Gianna Beretta Molla harmoniza os deveres de mãe, de esposa e médica.

Gianna e Pietro

“Gianna era uma mulher esplêndida, mas absolutamente normal. Era bonita, inteligente. Gostava muito de sorrir. Era uma mulher moderna, elegante. Dirigia, amava a montanha e esquiava muito bem. Amava as flores e a música. Gostava muito de viajar. Uma mulher como tantas outras, mas com alguma coisa a mais: uma grande piedade e uma indiscutível confiança na Providência. Esta confiança ela nunca a abandonou, nem mesmo nos seus últimos meses de vida.”

Pietro Molla, esposo

A frase dita pelo seu esposo, Pietro Molla, descreve a simplicidade da santidade de Santa Gianna Beretta Molla, confirmando o que ela mesma declarou:

Sempre me ensinaram que o segredo da felicidade é viver cada momento, e agradecer ao Senhor por tudo que Ele, na sua bondade, concede dia após dia. Por isso, o coração no céu e vivamos felizes.

Pietro Molla era diretor industrial. O casal viveu seguindo a tradição cristã familiar: oração, missa e Eucaristia. Ao mesmo tempo, eram inseridos com harmonia na vida moderna. Santa Gianna Beretta Molla amava esquiar na neve. Gostava também de pintar e apreciava muito a música. Frequentavam o teatro e os concertos sempre que podiam.

Esposa, médica e evangelizadora

Santa Gianna Beretta Molla participava de forma ativa da Associação Católica Feminina, um movimento que visava unir as mulheres em torno da fé e da vida cristã na sociedade.

O movimento preparava, com a ajuda de Santa Gianna Beretta Molla, retiros espirituais, que eram momentos preciosos de forte interiorização e descoberta da presença de Deus.

Ela vivia e colaborava com essas novidades que traziam renovação para a comunidade católica. Ela também colocava a serviço do movimento sua missão de médica.

Uma doença grave

Após o nascimento dos três filhos – Pierluigi (Pedro Luis), Mariolina (Maria Zita) e Laura – eles tiveram a feliz notícia de uma quarta gravidez em setembro de 1961. Porém, pouco tempo depois, Santa Gianna Beretta Molla sentiu-se mal e teve que ser internada.

Após a realização dos exames, descobriram um fibroma no seu útero. E, durante a gravidez, a situação se agravou. Chegou a tal ponto que a única opção para que Santa Gianna Beretta Molla não morresse seria interromper a gravidez.

A grande decisão de sua vida

Diante dos valores cristãos profundamente enraizados em seu coração, Santa Gianna Beretta Molla colocava sempre, em primeiro lugar, o direito à vida. Assim, a sua decisão fora ter o bebê, sabendo que, como médica, pagaria por esta decisão com a sua própria vida.

E assim aconteceu. Uma menina nasceu no dia 21 de abril de 1962. Era Gianna (Joana) Emanuella. Sua mãe segurou em seus braços antes de falecer, poucos dias depois, no dia 28 de abril, em sua casa, em Ponte Nuovo.

Sua morte se tornou uma mensagem do amor de Cristo para o mundo.

Seu funeral foi em Ponte Nuovo, na capela paroquial Campo Santo. Santa Gianna Beretta Molla foi sepultada em Mesero.

Descoberta e Canonização

Após sua morte, Pedro Molla, seu esposo e agora viúvo, encontrou algumas anotações pessoais de Santa Gianna Beretta Molla. Eram anotações feitas antes dos retiros espirituais.

Nas notas de seus escritos, descobre-se uma profunda e indissolúvel conexão de seu coração com o amor, com o sacrifício e com a fé inabalável. 

A opção feita por Santa Gianna Beretta Molla pela vida da filha, em seu ventre, foi consciente e madura, repleta de amor e respeito à vida.

No dia 06 de novembro de 1972, em Milão, foram iniciados os procedimentos para a canonização. Em 28 de abril de 1980, 18 anos após sua morte, o Cardeal Carlo Maria Martini decreta, no Vaticano, o começo da Causa de beatificação.

Quase 14 anos depois, no dia 24 de abril de 1994, Santa Gianna Beretta Molla é proclamada Beata pelo Papa Joao Paulo II, no Vaticano.

Após o segundo milagre ocorrido em 1999-2000, no dia 16 de maio de 2004, ela foi declarada Santa

Na ocasião, o Papa exaltou não só seu heroísmo final, mas também sua vida inteira como exemplo mulher, esposa, mãe, profissional e evangelizadora. Um verdadeiro exemplo para as mulheres e os casais modernos.

Também, na ocasião da canonização, sua filha, Gianna Emanuella, fez um pronunciamento do qual se destaca o seguinte:

Sinto em mim a força e a coragem de viver, sinto que a vida me sorri.

Em seguida, rendeu eterna homenagem à mãe dizendo:

Dedicarei a minha vida à cura e assistência aos anciãos.

Milagres

Os dois milagres para a beatificação e canonização de Santa Gianna Baretta Molla aconteceram no Brasil.

O primeiro foi em Grajaú, no Maranhão, em 1977, num hospital onde a própria Santa Gianna Beretta Molla gostaria de ter vindo prestar seus serviços como médica e missionária.

O segundo aconteceu em Franca, SP, quando uma gestante, Elisabete Arcolino Comparini, cujo filho corria perigo de morte em seu útero por ausência total de líquido amniótico, desde o terceiro mês de gravidez, assim como Santa Gianna Beretta Molla, não quis abortar, assumindo todos os riscos e pedindo a intercessão de Santa Gianna.

A gravidez progrediu sem líquido amniótico, o que, por si só, não tem explicação científica. Ao final da gravidez, o bebê nasceu perfeito e foi aceito pela Igreja como milagre válido para a canonização de Santa Gianna Beretta Molla.

Oração à Santa Gianna Beretta Molla

Ó Deus, amante da Vida, que doaste a Santa Gianna Beretta Molla responder com plena generosidade à vocação cristã de esposa e mãe, concede também a mim (…ou pessoa para quem quer obter a Graça…), por sua intercessão (…pedido…) como também seguir fielmente os Teus Desígnios, para que resplandeça sempre nas nossas famílias a Graça que consagra o amor eterno e à vida humana.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Teu Filho, que é Deus, e vive e reina Contigo na Unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.”

Trabalho de conclusão da Disciplina Quadros de História da Igreja do Curso Luz e Vida apresentado pelo aluno Sergio Fadul.

Escrito por Equipe Tenda do Senhor

Grupo de Oração Tenda do Senhor

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