Há muito barulho no mundo atual. E há muito barulho, também, no nosso mundo interior. Vivemos o reinado do barulho, da confusão, da falta do silêncio. Vivemos a confusão das palavras, ditas e não ditas, verbais ou não verbais. E nos esquecemos do básico: o silêncio é metade da palavra verdadeira.
E o que me parece é que, diante de tanta confusão, de tanto barulho, de tanta falta de silêncio, faltam, também, as palavras verdadeiras. Palavras que têm algo a nos dizer, que têm o poder de mudar coisas e situações. Silêncio e palavra, palavra e silêncio: um par inseparável, separado pelo excesso de barulho.
A Palavra começa no Silêncio
A sabedoria popular nos ensina que devemos pensar duas vezes antes de falar. Contudo, o simples fato de pensar duas vezes nos traz a noção exata do que queremos dizer: silêncio é a palavra enquanto pensamento, é a primeira metade da palavra.
O silêncio nos aproxima da verdade porque faz meditar sobre as coisas que realmente são importantes. Se calássemos mais e falássemos apenas após um bom momento de silêncio, nossas palavras seriam mais poderosas e teriam a capacidade de transformar as coisas ao nosso redor.
O Poder da Palavra
A palavra tem o poder de destruir e construir, de derrubar e edificar (cf. Jeremias 1, 10). Essa é a nossa missão: falar aquilo que é necessário, quando é necessário, se for necessário. Não podemos calar quando as palavras se fazem necessárias, nem falar quando o silêncio é a melhor resposta.
As palavras ditas em silêncio, um silêncio meditado, valem mais que mil palavras verborrágicas, sem fundamento, valor ou caridade. Silêncio e palavra se fazem um, se complementam, se adornam. A sabedoria oriental nos diz que o silêncio é o muro que o sábio constrói em torno de sua sabedoria.
Contudo, não há porque ter tanta sabedoria protegida e incapaz de transformar o meio em que vivemos, nem a nós mesmos. Que o muro do silêncio tenha ao menos uma porta chamada discernimento, por onde as palavras verdadeiras e transformadoras possam sair após serem meditadas e não retornem sem cumprir a missão que lhes foi confiada.
Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará!
João 8, 32